Norospar reúne funcionários para falar sobre doação de órgãos
SETEMBRO
VERDE
Colocando
em prática o mote da campanha “Doação de Órgãos – Fale sobre isso”, o Hospital
e Maternidade Norospar reuniu, no dia 14 de setembro, os colaboradores de
diversos setores, para uma palestra, com o objetivo de esclarecer como é
tratado o assunto na unidade hospitalar e reforçar a importância do tema, especialmente
em alusão ao Setembro Verde – mês de incentivo à doação de órgãos.
“No
Brasil, mais de 30 mil pessoas aguardam por um órgão. Imagina se fosse você
tendo que viver a incerteza de quanto tempo isso pode demorar”, disse Danusa Goin, que preside a comissão intra-hospitalar da
Norospar, e conduziu o bate papo, convidando à reflexão.
Na
oportunidade, Danusa pontuou cada fase que envolve a doação, destacando a
importância de dar ciência à família sobre a intenção de ser doador de órgãos. “Quem
autoriza a doação é a família e não existe nenhum tipo de documento que se
possa deixar assinado para autorizar a doação. Por isso a pessoa precisa informar se é ou não
doador, para facilitar o processo de doação em caso de morte”, explicou.
Fases
do luto
No
encontro com os funcionários foi enfatizada a necessidade empatia, de atitudes éticas
junto aos familiares do paciente que foi a óbito, paciência no tratamento, no
cuidado ao falar, e até no silenciar em respeito ao momento vivido por eles, de
forma a promover o melhor acolhimento possível. “Diante da morte de um ente
querido, os familiares passam por diversas fases até a decisão pela doação, mas
independentemente de ser concretizada ou não, a dor da perda é uma realidade”,
ponderou a enfermeira.
A notícia
de falecimento envolve intenso desgaste emocional até que a informação seja
processada pela família. A dor da perda, seguida da informação de que o
paciente é um potencial doador de órgãos gera muitas dúvidas. “A família tem
que primeiro entender a morte para depois falar de doação. Não adianta falar de
doação se a mãe está na fase de negação. E temos que avaliar tudo isso no
momento da entrevista”, explica Danusa, completando que cada pessoa recebe e
processa a informação de forma muito peculiar, cabendo à equipe que vai lidar
com isso, o preparo para entender a negação, a revolta, a barganha, a
depressão, até a aceitação, tudo como fases do luto.
Quando a
família já foi informada, em vida, do desejo do paciente em ser doador de órgãos,
tudo fica mais fácil, pois é uma questão de realizar uma vontade expressada. “Não
queremos causar conflito, queremos que a família se una, que haja o consenso, e
que a doação seja feita por amor. Por isso é importante falar sobre isso”, reforça
a enfermeira.
Recusa
familiar
Apesar do
preparo e empenho da equipe, nem sempre as famílias autorizam a doação. Muitos
mitos ainda cercam o transplante de órgãos. Alguns deles são:
·
Crença
religiosa – embora nenhuma religião proíba a doação;
·
Espera
de um milagre – a família sempre acredita na reversão do quadro do paciente;
·
Não
compreensão do diagnóstico de morte encefálica;
·
Não
aceitação da manipulação do corpo;
·
Medo
da reação da família;
·
Desconfiança
na assistência e o medo de comércio de órgãos;
·
Desejo
do paciente, manifestado em vida, de não ser doador;
·
Medo
da perda do ente querido.
Danusa
explicou aos funcionários que na entrevista com a família, todos esses pontos
são levantados e esclarecidos, desde a declaração de morte encefálica -
pontuando como se dá essa declaração e tudo que envolve a situação - as causas da morte, os exames realizados para
comprovação do óbito, as cirurgias de retirada dos órgãos e reconstrução do
local, a conversa com a família, e a definição ou não pela doação.
Estatísticas
de doação
No
Brasil, mais de 30 mil pessoas aguardam por uma doação de órgãos. No Paraná são
mais de 2 mil pessoas.
O Estado é líder no País,
com a marca de 41,5 doações de órgãos por milhão de população (pmp), atingida
em 2020. Registros do Sistema Estadual de Transplantes (SET/PR) apontam que só
nos primeiros cinco meses de 2021 foram 34 doações pmp.
Foi o Estado que mais
realizou transplantes de rim e o segundo em transplantes de fígado, com uma
média de 40,6 e 20,1 transplantes pmp, respectivamente.
Até maio deste ano, foram
contabilizadas 120 doações de rim (25,2 pmp) e 53 doações de fígado (11,13
pmp). No ano passado, o Paraná teve 1.162 notificações de potenciais doadores,
enquanto em 2021 os dados apontam 533.
CIHDOTT em ação
Todos os registros dependem de informações da Comissão
Intra-Hospitalar de doação de Órgãos e Tecidos para Transplante – CIHDOTT –,
que existe em todos os hospitais, sendo composta por médicos, enfermeiros,
assistente social, psicóloga.
A equipe trabalha
em conjunto, toma conhecimento de todos os óbitos que acontecem em qualquer
setor do hospital, a atua no momento de acolhimento da família e de protocolo
de morte cerebral, informando em tempo real aos setores competentes no Estado
sobre todos os pacientes graves, internados na UTIs e Pronto Socorro, e enviando
relatório mensal de acompanhamento dos casos.
Além do
bate-papo com os funcionários, a Norospar vai realizar uma ação de
esclarecimento à população, no dia 21, a partir de 8:30 da manhã, em frente ao hospital,
com entrega de panfletos sobre doação de órgãos.